sábado, 26 de setembro de 2009

O Uso Social das Drogas

Ao longo da História da humanidade sempre houve uma relação do Homem com as drogas. Hoje essa relação é grande e, seja em nossa cultura ou em outras, de forma lícita ou ilícita, sagrada ou não, o fato é que elas estão presentes na nossa realidade.
Atualmente percebemos uma tentativa de se reduzir o abuso de drogas lícitas como o tabaco e o alcool. Eficiente ou não, ela se mostra através da regulamentação de propagandas e leis, como a " Lei Seca". Essa relação com drogas legais é uma boa questão para reflexão. Qual o impacto de se trazer para a legalidade uma droga como a maconha? O modelo Holandês tem mais benefícios ou malefícios?
E com relação às drogas ilícitas, como anda o consumo? Hoje a maconha e a cocaína cederam um espaço para o crack. Este, que há uns anos atrás só era encontrado nas grandes cidades, já está presente em várias cidades. Então quais as mais usadas hoje? Tem diferença entre o tipo de droga mais consumida e a classe social? Também aumentou muito o consumo de drogas sintéticas como o ecstasy, muito consumido nas raves. Quais são essas drogas?
É muito importante uma reflexão sobre o consumo de drogas entre estudantes e profissionais de Saúde. Esse consumo é grande? O que o estimula e facilita? É o acesso, o "conhecimento", stress, tudo isso?
Também é importante a diferenciação entre nossa sociedade e outras quanto à relação com as drogas. Em certos países o tráfico é punido com pena de morte. Como é essa visão? Além disso há o uso sagrado dos entorpecentes. Esse seria um uso etnico-religioso. Nesse caso fala-se em enteógenos. Como são esses rituais?
O trabalho de ongs e programas contra as drogas também é relevante. O tratamento é custoso, demorado, envolve todaa família?

Há muitos artigos sobre o tema. Aqui vai alguns. Leiam o resumo e vejam se é sobre o querem.


Uso de drogas psicotrópicas por estudantes:
prevalência e fatores sociais associados


Resumo
Objetivo
Determinar a prevalência do uso pesado de drogas por estudantes de primeiro e
segundo graus em uma amostra de escolas públicas e particulares, e identificar fatores
demográficos, psicológicos e socioculturais associados.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal com uma técnica de amostragem do tipo intencional
comparando-se escolas públicas de áreas periféricas e centrais e escolas particulares.
Foi utilizado um questionário anônimo de autopreenchimento. A amostra foi constituída
por 2.287 estudantes de primeiro e segundo graus da cidade de Campinas, SP, no ano
de 1998. Considerou-se uso pesado, o uso de drogas em 20 dias ou mais nos 30 dias
que antecederam a pesquisa. Para análise estatística, utilizou-se a análise de regressão
logística politômica – modelo logito, visando identificar fatores que influenciem este
modo de usar drogas.
Resultados
O uso pesado de drogas lícitas e ilícitas foi de: álcool (11,9%), tabaco (11,7%),
maconha (4,4%), solventes (1,8%), cocaína (1,4%), medicamentos (1,1%), ecstasy
(0,7%). O uso pesado foi maior entre os estudantes da escola pública central, do
período noturno, que trabalhavam, pertencentes aos níveis socioeconômicos A e B, e
cuja educação religiosa na infância foi pouco intensa.
Conclusões
Maior disponibilidade de dinheiro e padrões específicos de socialização foram
identificados como fatores associados ao uso pesado de drogas em estudantes.

Artigo na íntegra: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n2/19789.pdf


Uso indevido de drogas entre médicos:
problema ainda negligenciado


RESUMO
OBJETIVO: Avaliar as impressões e as opiniões de médicos de áreas clínicas acerca do uso de drogas entre médicos e, mais especificamente, em ambiente cirúrgico. MÉTODOS: Foram sorteados 100 médicos não-residentes de áreas clínicas, selecionados ao acaso entre os profissionais com vínculo em um hospital público de São Paulo. Destes, 83 concluíram o estudo, respondendo perguntas sobre o uso de drogas entre médicos. RESULTADOS: Declararam conhecer algum colega com problemas relacionados ao uso de substâncias 67,5% dos médicos. Esse índice foi de 41,0% quando a pergunta era acerca de drogas disponíveis em ambiente cirúrgico, visto que 68,6% julgam ser fácil o desvio de psicotrópicos desse local. Além disso, 60,2% acreditam que os médicos são mais suscetíveis ao uso abusivo de psicotrópicos quando comparados à população geral. No entanto, 88,0% do total consideram difícil a procura por ajuda especializada. A porcentagem é de 56,6% dos que não conhecem serviço de atendimento direcionado exclusivamente para esses profissionais, algo que, na opinião de 83,1%, facilitaria a busca por tratamento. Dos participantes, 96,4% declararam não apresentar problemas relacionados ao uso de substâncias, ainda que 16,9% admita já ter feito uso de psicotrópicos sem prescrição. CONCLUSÃO: A freqüência de uso de psicotrópicos sem prescrição foi elevada. No entanto, parcela considerável não considera isso problema. A maioria dos profissionais não conhece serviços de atendimento específico para médicos.

Artigo na íntegra: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852008000400007&script=sci_arttext&tlng=pt


Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina
da Unesp


Resumo

Introdução: O objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência do uso de drogas por estudantes da Faculdade
de Medicina de Botucatu - Unesp, comparada com outras oito escolas médicas paulistas (uso na vida, nos
últimos 12 meses e nos últimos 30 dias). A pesquisa foi realizada entre 1994 e 1995, com 5.227 estudantes do
1º ao 6º ano de graduação.
Material e método: Foi usado um questionário de auto-respostas, anônimo, incluindo o questionário da Organização
Mundial da Saúde para levantamento de uso de drogas e álcool. Setenta e um por cento (3.725) dos
alunos responderam ao mesmo, e destes, 421 eram de Botucatu.
Resultados: Não houve diferenças estatisticamente significantes entre escolas e, nos 30 dias anteriores ao
preenchimento do questionário, a prevalência do uso de drogas para os estudantes de Botucatu foi a seguinte,
com a variação entre outras escolas mostrada entre parênteses: álcool 50% (42-50%); tabaco 7% (7-13%);
solventes 8% (7-12%); maconha 6% (6-16%); benzodiazepínicos (BZD) 3% (2-9%); cocaína 0,5% (0,2-4%);
anfetaminas 1 % (0-1%). Embora tenha se encontrado um uso crescente de todas as drogas do 1º ao 6º ano, e
em especial os BZD, os estudantes não aprovam este uso. A análise de regressão logística indicou que o uso de
álcool e drogas foi favorecido por: a) ser homem; b) perder aulas sem razão e referir ou ter muito tempo livre
nos finais de semana; e c) ter uma atitude favorável em relação ao uso de álcool e drogas. Diferentemente de
outras escolas, na Unesp não houve diferenças estatisticamente significantes de gênero em relação ao uso de
tranqüilizantes. No entanto, as mulheres iniciam uso mais precocemente e o fazem mais freqüentemente.
Também as mulheres já faziam uso de maconha antes de entrar para a faculdade (30% mulheres X 10% homens),
o contrário ocorrendo com solventes (50% homens X 2% mulheres), sendo essas diferenças estatisticamente
significantes.
Conclusões: Embora a pesquisa tenha focalizado o uso (não abuso ou dependência), os resultados sugerem a
necessidade de as universidades estabelecerem uma política clara de orientação sobre uso de drogas e álcool
para os estudantes, incluindo mudanças curriculares e programas de prevenção

Artigo na íntegra: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v21n2/v21n2a05.pdf


Aspectos Culturais e Simbólicos do Uso dos Enteógenos
Trabalho encontrado em: http://siteantigo.neip.info/downloads/t_rafa_san2.pdf

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Construção Cultural do Corpo

Pode-se considerar o corpo humano como resultante da interseção entre a biologia e a cultura. Todas as sociedades têm seus padrões sobre o que é belo e o que é feio, atraente ou não, símbolo de status ou estigmatização. Na sociedade ocidental contemporânea isso tem chegado a um ponto de gerar uma certa obsessão em busca do corpo "perfeito" ou forma de expressão.
A Indústria da beleza vai muito bem. As pessoas estão cada vez mais buscando produtos ou fórmulas milagrosas para ficarem "bonitas", magras, "saradas". O padrão que é exibido na mídia, através de artistas, modelos, é desejado por muitos. E ás vezes essa busca leva as pessoas a um caminho contrário ao da saúde, como o da anorexia, bulimia ou vigorexia. E as cirurgias plásticas? Não estão banalizadas? Não que eu seja contra, a cirurgia estética tem um papel importante, o de dar auto-estima a quem a procura. Mas o fato é a procura é muito grande. Por que isso? Epidemia de baixa auto-estima? Hoje pode-se parcelar sua cirurgia e até acompanhar programas mostrando o cotidiano de cirurgiões e seus pacientes. E essa naturalidade com que é vista a mudança da aparência pode levar a uma desconstrução da aparência ou até a deformidades. E as cirurgias de redução de estômago? Necessidade em todos os casos ou um imediatismo em se conseguir um corpo magro? Difícil responder, mas o preocupante é que algumas pessoas estão até engordando para atingir o peso mínimo para fazer a cirurgia. Bom para os cirurgiões. E as academias, estão lotadas? Será que o uso de anabolizantes está crescendo? O fato é que esporadicamente nos deparamos com notícias nos jornais sobre a morte ou complicações decorrente do uso destes produtos. Isso reflete a busca imediata por musculos, aceitação, ou seja lá o que for.
O corpo também é usado como forma de expressão. A tatuagem, que antes era marginalizada, virou obra artística, adereço cultural. Também é comum o uso de piercings ou de modificações físicas (como o "body modification") e de vestuário para traduzir as características de determinada tribo urbana. Em outras culturas também usa-se o corpo para traduzir algo. Em alguns casos o fato de não mudar o corpo é que é o diferente. Por exemplo, as mulheres Mursi (Tribo da Etiópia) são famosas por usar alargadores no lábio inferior. Lá isso é sinal de beleza. Na Tailândia há a tribo Paduang, onde mulheres usam argolas no pescoço e são conhecidas como "mulheres girafa". E se procurarmos vamos achar mais exemplos pelo mundo afora.
O fato é que o corpo é, e talvez sempre será uma grande forma de nos expressarmos, relacionarmos. Cabe então uma reflexão e discussão sobre o assunto e os diversos pontos de vista envolvidos.

Marcelo Jacob

Texto

“Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte-americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba. Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de funkaria, provocaram em muitas outras mulheres - as baixinhas, as gordas, as de óculos - um sentimento de perda de auto-estima” Rita Lee, março, 2004

A imagem corporal é definida como a figuração do corpo formada na mente de cada um, isso se dá através da maneira como as pessoas se referem ao nosso corpo, a forma como ele se encontra definido num ambiente cultural através de vários símbolos e modelos, e o interesse demonstrado pelo próprio indivíduo sobre ele, estruturam a imagem corporal, pois o indivíduo vai coletando os indícios que fornecem a ele uma percepção de seu corpo (SCHILDER, 1981 apud BENDASSOLLI 1998).O corpo é o lugar sobre o qual se apóiam as expressões psicológicas, se fixam os limites e os avanços das soluções científicas e tecnológicas, se expressam os temores, os anseios e a imaginação culturais, configurando-se, ele próprio, um processo. Contrastando com um passado "repressor" e "moralista" nos deparamos hoje mergulhados na "Era do corpo" que, como se presume "liberal" e "democrático". De mero objeto de sobrevivência, o corpo encontra-se nessa nova aurora, sobretudo, associado à satisfação e prazer tornando-se um elemento fundamental da cultura brasileira. Não é de estranhar que se tornou também um problema de investigação científica para melhor compreender a especificidade de nossa sociedade (BENDASSOLLI,1998).Há uma construção cultural do corpo, com uma valorização de certos atributos e comportamentos, fazendo com que haja um corpo típico para cada sociedade, esse corpo, pode variar de acordo com o contexto histórico e cultural, que engloba um conjunto de hábitos, costumes, crenças e tradições que caracterizam essa cultura e para obter o prestígio dos que viram ser bem-sucedidos ocorre o que o autor chama de “imitação prestigiosa”, que nada mais é que imitar atos, comportamentos e corpos que obtiveram êxito.(MARCEL MAUSS 1974 apud GOLDENBERG 2005). As modas e os modismos não dizem respeito apenas às roupas ou penteados, mas também a maneira de pensar, de sentir, de crer, de imaginar e, assim, subjetivas, influírem sobre as demais modas. As mulheres mais inclinadas a seguir as modas, especialmente as menos jovens, para as quais modas sempre novas surgiriam como aliadas contra o envelhecimento, visando uma preocupação central da mulher brasileira: permanecerem jovens (FREYRE, 1987 apud GOLDENBERG, 2005).Uma reportagem da Veja, com o titulo "As brasileiras não ficam velhas, ficam loiras", mostra que a brasileira é uma das maiores consumidoras de tintura de cabelo em todo o mundo. Além de Vera Fischer, que permanece um ideal de beleza, Xuxa e, posteriormente, Gisele Bündchen tornaram-se modelos a serem imitados pelas brasileiras, ícones norte-europeizantes, diria Freyre (GOLDENBERG, 2005).

ReferênciasBENDASSOLLI, Pedro Fernando. Doação de órgãos: meu corpo, minha sociedade. Psicologia: Reflexão e Crítica. Vol.11 nº1 Porto Alegre 1998.Disponível em: scielo.br acesso em: 07 mar. 2007 GOLDENBERG, Mirian. Gênero e corpo na cultura brasileira. Psicologia Clínica. Vol.17 nº2 Rio de Janeiro 2005. Disponível em: sielo.br acesso em: 07 mar. 2007

Extraído de: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1076

Questões relevantes- Culto ao Corpo

  • Influência da mídia no padrão de beleza;
  • Transtornos alimentares como "pressão" para alcançar a "beleza";
  • Busca exagerada pelo corpo "perfeito" nas academias ( síndrome de Adonis);
  • Exagero e banalização de cirurgias plásticas;
  • O corpo como expressão social- Tatuagens, piercings, modificações, etc;
  • O corpo em outras culturas

Links:

http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL737296-6091,00.html

http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_125683.shtml

http://www.blogadao.com/body-modification-05-bizarras-modificacoes-corporais/

http://www.girafamania.com.br/tudo/mulher_girafa.html

http://gballone.sites.uol.com.br/alimentar/vigorexia.html

http://especiais.profissaoreporter.globo.com/programa/2009/04/14/e-hoje/http://

http://www.adroga.casadia.org/alimentacao/sindrome-adonis.htm

http://www.bicodocorvo.com.br/beleza/cirurgias-plasticas-mal-sucedidas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Beleza

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Consumo e Saúde: Indústrias de Alimentos e de Medicamentos

As grandes Indústrias, sobretudo as corporações multinacionais, exercem grande influência nos estilos de vida das pessoas. Dentre essas corporações, podemos destacar as de Alimentos e Medicamentos por terem uma influência direta na Saúde.
Um dos grandes problemas de Saúde no mundo é o crescimento de doenças crônicas como Hipertensão, Diabetes, Obesidade, dentre outras. Cabe aos profissionais de Saúde saber lidar com isso e buscar relações entre os hábitos de vida das pessoas e o surgimento e agravo dessas doenças, de forma que se melhore os tratamentos e, principalmente, se busque a melhor forma de prevenção. Dessa forma, o profissional de Saúde deve estar atento aos apelos e estratégias daquelas Indústrias para saber a melhor forma de se orientar as pessoas.
As Indústrias de Alimentos hoje ditam um padrão mundial de consumo alimentar. Com seu grande apelo, principalmente sobre as crianças, elas vem conseguindo manter uma geração de "viciados" em fast food, refrigerantes, salgadinhos, etc. E realmente é muito difícil para as crianças fugirem dos arcos dourados, dos "dias felizes", de todos aqueles letreiros luminosos e maravilhosos das praças de alimentação dos shopings. E não para por aí: propagandas fantásticas de refrigerantes, achocolatados que fazem a criança virar um super-herói, biscoitos recheados com figura de bichinhos, e por aí vai. De fato podemos dizer que grande parte dos hábitos alimentares de uma pessoa são culturais e são aprendidos na infância (ver
Mintz, S.W. Comida e Antropologia: uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 16 (47): 31-41, 2001). Daí a grande importância na regulamentação dessas propagandas (que vem sendo muito discutida) e o papel dos pais, pois esses são as grandes referências para as crianças. Quem aprende desde cedo a se alimentar mal provavelmente será um adulto que também se alimenta mal. Então vemos crescer a obesidade, o número de cirurgias de redução do estômago, diabetes, hipertensão e todos os males que têm relação com a alimentação.
Também e de grande importância se discutir a influência das Indústrias Farmacêuticas. Essa influência se dá sobre as pessoas em geral, mas também é grande sobre os profissionais de saúde. A propaganda de medicamento passa por regulamentações (ver RDC 96/08 em http://www.anvisa.gov.br/), porém sua participação na automedicação é grande. Medicamentos com nomes indutivos, apelos para grandes doses de vitaminas, promessas de melhoras ás vezes "milagrosa" para certos sintomas ainda são vistos. Com isso a cultura da automedicação vai passando de geração para geração. Os profissionais de saúde são colocados como secundários. Não é isso que sugeria a antiga frase " Aos persistirem os sintomas procure o médico"? Ou seja primeiro você toma o medicamento, se não melhorar procure o médico. Atualmente a frase foi substituída por uma que fala dos riscos e para se conversar com o médico e o farmacêutico, mas aparece rapidamente no final do comercial. Discutir o melhor formato e regulamentações para essas propagandas é um tema atual e super importante na saúde. E também se discutir as relações entre a Indústrias e os Médicos. O patrocínio de congressos, viagens e brindes aos médicos é uma realidade? Isso é ético? Dessa forma esse médicos ficam submissos às Indústrias? Há diferença em se ganhar uma caneta ou uma viagem? Esses são tópicos relevantes. Como também é a grande presença da propaganda em revistas científicas médicas. E pior, muitos médicos só sabem o conhecimento técnico a respeito de um medicamento pelo que lhe é passado por propagandistas.
Assim, o profissional de saúde deve estar atento a todas essas questões e conhecer as estratégias das Indústrias de Alimentos e Medicamentos. Dessa forma pode-se ter um pensamento crítico e tentar separar o que é benéfico ou não, a "verdade" ou "mentira" e então atuar na prevenção e promoção da Saúde evitando o crescimento daquelas doenças crônicas e os males da automedicação.

Marcelo Jacob

Artigo 2

Estratégias mercadológicas da indústria farmacêutica e o consumo de medicamentos

RESUMO
Dentro do processo de ampliação crescente do âmbito de intervenção da Medicina (a chamada "medicalização"), o uso abusivo de medicamentos industrializados assume papel de destaque. Entre as diversas práticas mercadológicas de que a Indústria Farmacêutica se vale para incrementar os seus lucros – via estímulo ao consumo – sobressai-se a propaganda, particularmente junto ao médico. A despeito da automedicação, dependente, por sua vez, em grande parte, da influência inclusive "legitimadora" do médico, é sobre esse profissional que recai, direta ou indiretamente, através da prescrição medicamentosa, a responsibilidade por ação significativa do consumo. Propõe-se, com base em diversos estudos já realizados, a análise crítica do papel da propaganda, com ênfase no papel do propagandista de laboratório e na sua eficácia como instrumento preferencial de que lançam mão os produtores de medicamentos para influenciar os hábitos de prescrição dos médicos, dirigindo-os prioritariamente à satisfação dos interesses dos produtores, em detrimento daqueles dos consumidores.

Artigo na íntegra: http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0034-89101983000500003&script=sci_arttext

Artigo

Mídia, comportamento alimentar e obesidade na infância e na adolescência: uma revisão

RESUMO
A obesidade pode ser definida como uma síndrome multifatorial, consistindo de alterações
funcionais, de composição bioquímica e de estrutura corporal, caracterizadas pelo acúmulo de
gordura subcutânea associada ao aumento do peso. No Brasil, observa-se a influência da
mídia na valorização do modelo norte-americano como referência de modernidade, tornando
o padrão alimentar mais permeável a mudanças, especialmente em crianças e adolescentes,
estimuladas pela publicidade e também pela indústria, devido à produção abundante de
alimentos práticos e saborosos. O padrão alimentar vem sendo modificado ao longo da história
em função de vários aspectos, como facilidade de acesso e maior poder aquisitivo da sociedade
moderna, que permitem maior ampliação do mercado consumidor e a diversidade dos produtos
nas prateleiras. Assim, medidas preventivas, como o controle da propaganda de alimentos
pela mídia e a inclusão da educação alimentar no currículo escolar, devem ser instituídas desde
a infância, visando ao melhor manejo no controle da obesidade.

Artigo na íntegra: http://www.sbnpe.com.br/revista/V23-N3-157.pdf

Questões relevantes- Indústrias de Alimentos e Medicamentos

  • Influência da Indústria de Alimentos no comportamento relacionado ao consumo de alimentos, gostos e preferências;
  • Influência da propaganda de alimentos sobre as crianças;
  • A obesidade como "epidemia";
  • A cultura do fast-food;
  • Influência da Indústria de Medicamentos na automedicação;
  • As estratégicas de marketing;
  • A influência da Indústria Farmacêutica sobre profissionais de saúde e sua relação com eles

Alguns links:

http://www.webartigos.com/articles/20830/1/influencia-da-globalizacao-no-habito-alimentar-e-na-saude-da-populacao-brasileira/pagina1.html

http://people.ufpr.br/~andreadore/antunes.pdf

http://www.saude.rio.rj.gov.br/media/semana_alimentacao_2007_layout.pdf

http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_4/2009/08/31/em_noticia_interna,id_sessao=4&id_noticia=125296/em_noticia_interna.shtml

http://www.senado.gov.br/AGENCIA/verNoticia.aspx?codNoticia=95233&codAplicativo=2

http://www.alaic.net/alaic30/ponencias/cartas/compublicitaria/ponencias/GT5_3GALINDO.pdf

http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/NoticiaIntegra.aspx?id=6326&origem=23

http://www.taps.org.br/paginas/alimartii06.html

http://nutricao.saude.gov.br/documentos/regulamenta_publicidade_alimentos.pdf

http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0034-89101983000500003&script=sci_arttext&tlng=e

http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/marketing/MKT67-_O_poder_da_ind%FAstria_farmac%EAutica.PDF

http://www.painelbrasiltv.com.br/novo/Entrevistas/index.asp?action=15&Programa=2&Entrevista=226

http://www.fenafar.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=268:industria-farmaceutica-incentiva-qmemoria-fracaq-no-jornalismo-brasileiro&catid=38:publicados

http://www.cremesp.com.br/?siteAcao=Revista&id=336

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sugestões de questões a serem abordadas em seminário sobre Cultura e Ciclo de Vida

  • A influência da Cultura no ciclo da vida e na forma de encarar os acontecimentos desse ciclo.
  • Nascimento e infância: Como é o nascimento? O que ele significa? Como são os cuidados com a criança? Há preferencias por meninos ou meninas em outras sociedades? Por que?
  • Adolescência e fase adulta: Quando começa cada uma; características;comportamento. O que mudou no decorrer do tempo?Como são os rituais de passagem? Como estão nossos adolescentes?
  • Envelhecimento: Como é visto em diferentes sociedades? E na nossa? Como encaramos o envelhecimento? Quais são os principais problemas? Nossa sociedade está preparada para o aumento no nº de idosos?
  • Morte: Como é encarada? Como são os rituais? O que dizem as diferentes religiões?

Alguns links:

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/01/409521.shtml

http://www.amigasdoparto.com.br/

http://www.iande.art.br/boletim007.htm

http://pib.socioambiental.org/pt/povo/karaja/369

http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/adolesc1.html

http://psicologia.org.br/internacional/pscl36.htm

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070327065828AAawXtX

http://www.idosos.com.br/

http://opinionsur.org.ar/joven/O-que-lugar-ocupam-os-idosos-na

http://super.abril.com.br/ciencia/nova-morte-446150.shtml

http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/filosofia/filosofia_trabalhos/mortediferentessociedades.htm#vermais

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Nascer, Viver, Morrer: Cultura e Ciclo de Vida

Cultura, Morte e Nascimento
Por: Aguiomar Rodrigues Bruno


O inicio... Tudo no inicio possui um aspecto ambivalente, e por isso é mais difícil de compreendê-la, chegando a ser até penoso, por que não assim dizer!
Todavia, o início é descoberta, pois como foi você o primeiro, ou seja, o que deu início, tudo é novo e estimulante, impregnado do doce cheiro daquilo que é “novo”, e por ser o novo, lhe confere estatus de iniciação e, inversamente pode ser sentido como aquilo que passou, findou, acabou, morreu, tudo a partir do inicio, ou seja, toda iniciação tem um simbolismo tanto de começo quanto de fim, pois “uma representação não se produz sem agir sobre o corpo e o espírito” (DURKHEIM, 1970:26).
Podemos observar este binômio – inicio/fim, nascimento/morte – em quase todos os aspectos da vida de forma análoga, através dos rituais que a sociedade cultivou e cultiva até os dias atuais através da cultura.
Dizemos a respeito da cultura, pois toda práxis social impregna em um arcabouço de experiências que levamos para toda a vida, uma espécie de “lente” entre o individuo e o mundo, porém estas lentes são sentidas e percebidas de maneira idiossincrática por cada indivíduo por estar exatamente imerso em seu contexto cultural, mas, todavia, podemos observar em sua gênese, que todas possuem o mesmo princípio de nascimento e morte.
Pois, toda iniciação é de fato, uma espécie de passagem para uma nova vida, pois “a história da vida (...) pode ser compreendida como a história da transformação da função do sistema de produção dos bens simbólicas” (BOURDIEU, 1972:49), seja ela em qual período for, arcaica ou moderna (Ku Klux Klan, Maçonaria), os ritos de passagem representam verdadeiros símbolos representativos da morte e nascimento, que traduz e descortina toda epistemologia da vida.
Gostaríamos de tomar algumas culturas como exemplo, até mesmo para que fique mais compreensiva nossa proposta reflexiva.
Nos Camarões, o rapaz tem que atravessar um corredor subterrâneo onde o espreitam máscaras apavorantes (os mortos). Entre os selknam da Terra do Fogo, depois de separarem das mães com um sofrimento intenso, as crianças têm que, numa luta contra homens representando os espíritos (os mortos), encontram aí uma morte simbólica, desta morte vai, enfim, poder nascer uma vida adulta. Algumas sociedades arcaicas, os ritos de passagem são marcados por torturas como: circuncisão, subincisão, dentes arrancados etc. (Vale lembrar que, dente arrancado, nos sonhos, é símbolo tanto de nascimento quanto morte).
Vale destacar também, os casamentos, outro grande ritual de passagem que a nossa cultura contemporânea cultiva como principio legitimadora, porque são verdadeiros símbolos de morte/nascimento, pois quando o casal se une simbolicamente perante uma instituição religiosa (Deus) e perante toda uma sociedade que está presente como testemunha, eles deixam toda uma vida pra trás (a morte), para um novo e feliz recomeço juntos (o nascimento), em direção à nova vida através da morte. Poderíamos citar inúmeras outras tantas experiências de passagem como: a primeira menstruação, o primeiro ato sexual, o nascimento de um filho, o batismo, a cerimônia fúnebre, etc. Todos possuem em si, o signo fecundo de morte/nascimento.
Toda esta dialética (morte/nascimento), enquanto passagem torna-se assim uma iniciação e, como toda prática, as cerimônias fúnebres, por exemplo, visa ao morto iniciar para a vida póstuma, a fim de garantir-lhe a passagem, seja ela para o novo nascimento na eternidade.
As igrejas em si retomam o binômio dialético a todo instante, pois são os lugares próprios de morte e nascimento, sendo ela análoga ao útero num ventre como o batismo (nascimento) ou como uma catacumba obscura como as missas de sétimo dia (morte) dos primeiros cristãos, ou seja, “a catedral encerra as trevas da germinação da morte” (MORIN, 1997:124).
Neste contexto eclesiástico de passagem (morte/nascimento) também pode estar associado à purificação, pois a toma emprestada, sendo a purificação o que lava as máculas mortais que a vida acumula, fazendo penetrar assim no campo do sagrado.
Todo ritual sagrado seja em qual período for, começa com uma purificação sacramental, que possui a água como renascimento e vida, incomparável nos mitos quanto nas religiões “da qual a imersão na água é o mais conhecido”, isto é, o batismo. Neste banho, não é só a virtude intrínseca da água – saciar a sede e fertilizar o solo - que esta em jogo, mas sim, a passagem da morte para a vida. Então, o homem que se banhou nas águas santas não é o mais o mesmo, agora eis um novo homem diante da sociedade!
É decerto, importante lembrar que, João Batista, estava com metade do corpo nas águas do rio Jordão e, por que não citar os milagres da gruta de Lourdes, são todos os exemplos de que a água é a comunicação mágica do homem com o cosmos.
A água torna-se assim a grande comunicadora entre o homem e a morte, pois possui um suporte material da morte, é que a vida uterina, embrionária é de origem aquática, análoga à vida obscura dos peixes cavernícolas.
De fato valermo-nos também que, o mar carrega consigo a grande harmonia, a grande reconciliação com a morte, sendo ela a natureza primeira, ou seja, a mãe cósmica (da água é que surge a vida) análoga à mãe real, pois ao fazê-la a semelhança ao mar e, o mar a mãe, é a vida uterina que leva consigo a experiência dos seres vivos, amamentando-o no seio da mãe comum, dando-lhe a vida.
Assim sendo, como o mar remete à mãe, a mãe remete ao mar e, por sua vez, a morte remete a mãe e ao mar, isto é, a analogia se faz legítima, do nascimento e morte.
Por isso, o homem se emocione até o hoje ao ver o mar, pois lhe fala língua de sua origem e, talvez reconheça de maneira difusa, por que não dizer, uma lembrança vaga de uma vida uterina sentindo assim uma reminiscência dessa mesma vida.
Portanto, podemos concluir que, esta troca simbólica do homem com o binômio (morte/nascimento) se faz perene como um ato de sobrevivência e auto-afirmação no mundo, uma busca por compreensão do ser, que utiliza mecanismos para legitimá-lo em sociedade afim, de garantir o seu espaço na troca simbólica tanto com os vivos quanto com o imaginário.
Esta dialética não só estabelece um dialogo com o individuo como molda os seus pensamentos, seus atos, sua maneira de se ver e ver o mundo que o norteia, criando verdadeiras práxis sociais.
Extraído de: http://www.meuartigo.brasilescola.com/filosofia/cultura-morte-nascimento-1.htm